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voltarClasse média quer viajar mais em 2011
Números divulgados pela Abav confirmam aquecimento do setor, gerado pelo aumento da demanda.
A ascensão de um novo consumidor da classe média foi um dos destaques da 38ª edição do Congresso Brasileiro de Agências de Viagens – Abav 2010 e Feira das Américas, realizado semana passada no Rio de Janeiro pela Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). Considerado o maior evento de turismo do continente americano, o congresso atraiu 24 mil visitantes, traçou tendências e mostrou as novidades do setor para 2011 em mais de 800 estandes, entre destinos nacionais e internacionais, hotéis, operadoras de turismo e marítimas, seguradoras, locadoras de veículos, companhias aéreas e órgãos governamentais.
"Estamos diante de uma nova configuração comercial. Nos últimos seis anos, cerca de 30 milhões de brasileiros deslocaram-se da base para o miolo da pirâmide social, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)," disse o presidente da Abav, Carlos Alberto Amorim Ferreira, durante a abertura do congresso – cuja temática foi a relação entre agentes e clientes. "Essa nova classe média quer adquirir seu carro zero, parcelar suas compras, ampliar seu imóvel. E, claro, quer viajar!"
O aumento de crédito e a estabilidade econômica permitiram o surgimento da nova classe consumidora. "O mercado interno está consolidado, aquecido e com perspectivas de crescer muito mais a partir do alargamento da base de viajantes possibilitada pela entrada da classe C no mercado de consumo", disse o ministro do Turismo, Luiz Barreto.
De acordo com o ministério, o aumento de consumidores deverá fazer com que a indústria do turismo cresça de 10% a 12% em 2011. Essa expansão é superior à alta de 7% a 8 % prevista para o Produto Interno Bruto (PIB).
Para o presidente da Abav, as agências devem começar já a preparar produtos voltados especialmente para esse público. "O futuro é agora. A viagem precisa ser uma experiência inesquecível e deve ter um preço justo", completou.
Pensando nisso, a Abav lançou para seus associados o Programa Viaja Fácil Brasil, que oferece aos clientes a chance de parcelar seu pacote em até 36 vezes. "Para se tornar consumidor esse público precisa de orientação, precisa de um agente de viagens." O corte no comissionamento dos agentes, aliás, também foi assunto entre autoridades. "A venda de bilhete aéreo não pode se resumir a um self-service digital", disse o presidente da Abav.
Oportunidades – O interesse nesse novo viajante brasileiro tem gerado várias iniciativas. A Azul tem um acordo com os pontos de venda da YesNet e vende passagens em supermercados do País, enquanto a TAM anunciou recentemente presença na rede varejista Casas Bahia.
A Webjet começa a operar em dezembro voos para Foz do Iguaçu (PR) e Navegantes (SC) com tarifas tão baixas como R$ 29. A CVC tem lojas em alguns hipermercados de São Paulo e outras regiões, como Carrefour e Walmart.
Já o SuperClubs, grupo hoteleiro da Jamaica, irá lançar 15 hotéis no Brasil em cinco anos, dos quais seis da marca Starfish, voltado para o público "midscale". "Este produto é um resort três-estrelas, com sistema "all inclusive" (tudo incluído), com total condições para quem sempre teve vontade de viajar para um resort, mas não teve oportunidade", afirmou Xavier Veciana, diretor geral do SuperClubs no País.
Em breve, paulistas, cariocas, capixabas e mineiros poderão viajar pela região Sudeste com pacotes turísticos rodoviários de sete ou 14 dias. A diferença é que será agora possível definir quantos dias o turista permanecerá em cada destino escolhido – uma ação da Agência de Desenvolvimento do Turismo da Macrorregião Sudeste do Brasil (Adetur Sudeste), em parceria com o Ministério do Turismo.
Turismo de saúde em debate
O Brasil vai definir diretrizes para a atuação organizada no turismo de saúde. O documento será resultado da reunião de trabalho que começou na sexta-feira durante a Feira das Américas – Abav 2010.
O País oferece centros de referência em serviços médicos e hospitalares e clínicas de bem-estar, mas para atender à demanda mundial é preciso envolvimento conjunto do poder público e da iniciativa privada. "A formulação de estratégias certeiras de promoção do Brasil como destino internacional do turismo de saúde potencializa a entrada de divisas na nossa economia", afirmou o secretário-executivo do Ministério do Turismo e presidente interino da Embratur, Mário Moysés.
Segundo ele, o papel do Ministério do Turismo e da Embratur será o acompanhamento governamental das iniciativas conjuntas do empresariado e o apoio institucional para a estruturação e qualificação da oferta no segmento. "Vamos observar experiências internacionais importantes para avançar na nossa organização, mantendo sempre o respeito absoluto pela ética médica das atividades de saúde."